As telenovelas brasileiras vinham preencher, precisamente, essa necessidade.
Nos anos 90, na Rússia quase não havia séries divertidas na TV ou no cinema, havia poucas telenovelas e os enredos delas eram, na sua maioria, histórias sobre bandidos e polícia. No entanto, a televisão precisava de satisfazer a necessidades do público e criar no écran uma realidade mais atraente.
O mercado russo abriu-se às novelas estrangeiras, principalmente, vindas do Brasil. Em1988, o principal canal de TV russo apresentou em estreia a novela brasileira A Escrava Isaura. Esta foi a primeira telenovela na televisão russa. O público russo não conhecia o gênero de novela com dezenas de episódios. 100 episódios pareciam muitíssimo para o espetador russo mas, a verdade é que A Escrava Isaura fez um sucesso tremendo na Rússia.
A história de uma bonita escrava mestiça em busca de sua liberdade conquistou os corações do público russo, especialmente das mulheres. As mulheres sofriam e regozijavam-se juntas com Juanita - a principal personagem da novela.
Há um caso que mostra bem a popularidade da Escrava Isaura. Diziam que, uma vez, o Parlamento da Federação Russa terminou a sessão mais cedo para ver o último capítulo da novela.
A novela permitiu ao público russo entender a época da escravidão no Brasil, a cultura brasileira do século XIX e até introduziu novas palavras na língua russa. Por exemplo, a palavra fazenda não existia no vocabulário russo e, com a divulgação da novela, passou a ser utilizada mesmo sem tradução. O que é engraçado, fazenda tornou-se muito popular para denominar pequenos terrenos com casas de campo, as datchas, as quais, claro, têm pouco a ver com as próprias fazendas brazileiras. A única coisa parecida é que as pessoas trabalhavam nelas quase como escravos.
Depois da Escrava Isaura seguiu uma série das novelas brasileiras que tiveram uma excelente aceitação na Rússia. São: Sinhá Moça, Meu Bem, meu Mal, Riacho Doce e muitas outras.
No ano 1995 foi exibida mais uma novela - Tropicaliente - que fez o maior sucesso. Pela primeira vez, o público russo soube o que era a boa vida. A telenovela mostrava panoramas do Rio de Janeiro, grandes apartamentos, carros ricos, gente chique. Os russos que não tinham acesso a isso, assistiam às novelas com grande interesse.
Em 1996 a novela A Próxima vítima esteve em exibição da TV russa e obteve também grande audiência. Um jornal de Moscou até fez um concurso: os espectadores tinham que adivinhar quem seria a próxima vítima. O prêmio era uma viagem ao Brasil.
Depois foi O Rei do Gado que deu a conhecer o brilhante ator Antônio Fagundes ao público russo. A seguir foram apresentadas duas histórias de cinderelas brasileiras: Anjo Mau e Por Amor. Como os espectadores gostaram muito de histórias deste tipo, a televisão continuou comprando ao Brasil mais e mais telenovelas: Suave Veneno, Torre de Babel, Andando nas Nuvens, Terra Nostra, Laços de Família, O Clone. O último começou a ser exibido em 2004 e obteve um êxito sem par. Muitas pessoas até tornaram o destino dos heróis num eterno tema de conversas.
As produções abrangiam o público de quase todas as idades: dos 6 aos 60 anos. As novelas brasileiras passavam duas vezes por dia: de manhã e à noite. A redação do canal recebia muitas cartas, nas quais os espectadores pediam para trocar o horário. Muitas mulheres ficavam preocupadas porque terminavam de trabalhar tarde demais e não conseguiam assistir aos novos episódios.
Os psicólogos dizem que as novelas prendiam milhões de telespetadores ao écran porque mostravam uma outra realidade mais favorável que a vida real nas condições de crise econômica e social dos anos 90. Uma vida bonita em uma casa enorme semelhante a um palácio perto da praia, um monte de frutas na mesa e um jardim verdejante - tudo isso parecia muito agradável ao público russo - tudo isso o distraia da vida real.
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