Morte de advogada ainda é um mistério para a polícia que agora busca provas para explicar o motivo e como morreu Mércia Nakashima
Márcio Nakashima, irmão da advogada Mércia Nakashima, disse nesta sexta-feira que toda a família está unida por Justiça. Após 18 dias de incertezas e fé, às 9h45 na represa de Nazaré Paulista, na região metropolitana de São Paulo, a família Nakashima teve respondida de forma trágica a pergunta sobre onde estava Mércia.
Irmão de Mércia em frente à represa em que foi localizado corpo de advogada
Seguindo as pistas dadas por um pescador, a família, com a ajuda de homens do Corpo de Bombeiros de Atibaia, localizou nesta sexta-feira o corpo da advogada que estava desaparecida desde o último dia 23. Um dia antes, o carro da jovem, que tinha 28 anos, foi içado de uma profundidade de seis metros na mesma represa. Era um sinal de que a história contada por um pescador da região não era invenção. "Ele disse que viu quando o carro começou a afundar na represa com os faróis acesos", afirmou Márcio, acrescentando que o pescador "ouviu dois gritos apavorantes".
A família agora quer saber quem cometeu o crime, tratado a partir de agora como homicídio pela equipe da delegada Elisabete Sato, titular da Divisão de Homicídios, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo. E quais teriam sido as motivações.
Para a polícia, até agora a certeza é de que mais de uma pessoa está envolvida na morte de Mércia. O diretor do DHPP, Marco Antônio Desgualdo, que tem quase 40 anos na Polícia, é categórico ao dizer que quem cometeu o crime precisou de ajuda. "A região é de difícil acesso. Quem veio aqui conhecia o local".
Ex-namorado chorou
O ex-namorado e ex-sócio de Mércia, o ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, é tido pela polícia como o principal suspeito no caso. Em três depoimentos, o homem descrito como ciumento e possessivo, segundo apurou o iG, negou qualquer envolvimento. Contou que na noite em que a advogada sumiu ele estava com uma garota de programa. A polícia, porém, vê contradições em seus depoimentos e quer entender o que o carro dele fazia estacionado, no bairro Bela Vista, em Guarulhos, perto da casa da avó de Mércia no dia que ela desapareceu. Foi lá que a advogada foi vista pela última vez em um tradicional almoço de família.
Na sexta-feira, o advogado Samir Haddad Junior, que defende Souza, disse que ele chorou muito ao saber da morte de Mércia. "Ele está arrasado", afirmou. Segundo Haddad, o ex-policial está “isolado”, morando em casa de parentes em São Paulo. “Ele não pode trabalhar, não pode sair na rua”.
O advogado afirma que Souza está à disposição da Justiça. “Não há nenhuma prova concreta que ligue meu cliente ao crime. Vamos aguardar a perícia, respeitar o trabalho da polícia e se chamarem (para prestar depoimento) a gente vai lá. Se precisar esclarecer, vamos lá”, declarou.
VEJA A CRONOLOGIA DO CASO MÉRCIA
Peças de um mistério
Peritos do DHPP deram início nesta sexta-feira à perícia no carro de Mércia, um Honda Fit prata. Dentro do carro, cheio de lama, estavam diversos pertences da advogada, como o celular - encontrado no chão próximo ao banco do motorista, e a bolsa. Será uma análise criteriosa em que tudo deverá ser considerado. "A posição que o banco do motorista foi encontrado, para a frente, não daria para um homem alto ter sentado. Então não podemos descartar a hipótese de que ela tenha sido obrigada a dirigir até a represa", informou um policial que teve acesso ao veículo.
O titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, Antônio Assunção de Olim, que investiga o caso desde o início, também realizou buscas na casa de Souza e apreendeu uma camisa e um sapato sujo de terra.
Também foi feita, no Instituto Médico Legal de São Paulo, a necropsia no corpo da advogada para determinar a causa da morte. Com o laudo, os peritos poderão responder se a advogada sofreu alguma agressão e até mesmo se ainda estava viva antes de ser jogada na represa.A análise prévia foi concluída na noite de sexta-feira, mas a causa da morte só poderá ser revelada com a permissão da família. O laudo conclusivo da morte será apresentado em até 30 dias.
Imagens do local em que corpo e carro foram achados
Embed "Esperamos Justiça"
Todo o trabalho será acompanhado pela família e pela Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). O acompanhamento será feito pela Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos Advogados Vítimas de Homicídio. Em nota, o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, lamentou a morte da advogada e afirmou que "uma das preocupações da Ordem é saber se o crime está ligado ao exercício profissional ou não".
Para a família, agora o que interessa é que seja feita a Justiça. "Esperamos Justiça. Que coloquem quem fez isso com a minha irmã atrás das grades", disse Márcio.
O corpo de Mércia é velado desde as 23h no Cemitério Memorial Guarulhos. O enterro está previsto para acontecer neste sábado, às 11h, no Cemitério São João Batista.
(*com informações da Agência Estado)